Ver um bichano pelo chão e não sorrir
Eu era daquele tipo que resgatava todo tipo de bicho abandonado e levava pra casa dizendo pra mãe que "era só até o pobrezinho conseguir se virar sózinho"...
Eu tinha meu charme, minha mãe caia e minha casa era um zoológico estranho de cachorros de 3 patas e gatos sem orelha.
Os passarinhos voavam assim que ficavam bem, o resto ia se ajeitando no imenso quintal. Comida não era problema, eles comiam os restos de nossa mesa. Naquela época a gente não precisa alimentar os bichos só com a ração recomendada por alguma pesquisa americana.
Mudei pra cidade grande e parei de salvar animais perdidos.
Parei porque cresci, ou porque não tenho o espaço que tinha, ou, ainda, porque endureci. Mas não era disso que eu queria falar agora.
O que eu queria falar agora é que, apesar de gostar de todo tipo de animal, eu sempre amei os gatos.
E gatos não são facilmente "amáveis". Eles não têm aquela gratidão, submissão, dependência e alegria espalhafatosa dos cães. Gatos se bastam. São livres, antes de tudo.
Eu amo criaturas livres. Criaturas difíceis e misteriosas. Criaturas que não dependem do meu amor.
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