segunda-feira, janeiro 12, 2009

A paixão se suicida, se a razão se intromete

O verdadeiro amor é muito mais raro do que se imagina.
Mas é cego, como se diz.
Ou melhor, tem visão periférica cega.
O amor verdadeiro encherga tudo que importa, mas não vê nada além.
Assim é. Assim deve ser.
Entrar na caverna do desconhecido ou atirar-se ao precípicio.
So vale a pena se for assim.
Amor é paixão inconsequente e irracional.
Sem cálculo, sem análise de risco.
Ninguém sabe o futuro, mas os amantes não precisam de futuro.
Eles têm a eternidade e o infinito.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Dei um talho em meu próprio sentimento

Pra que o mundo fulgure na clareira

Que esse nervo me aviva o sofrimento

Que esse olho é motivo de cegueira

Ê, presença difusa, desordeira

Giro de furação sem epicentro



Vc chega e eu toda embaralhada.

Daí, vc vai arrumando os naipes, fazendo as sequências, criando as canastras.

E bate.

Ganha o jogo sempre. Sabe me jogar desde sempre.

E eu repito, sem pudores... Se vc estiver me enrolando, como dizem as amigas, não tem problema.

Quero este jogo de música e felicidade que você inventa todo dia comigo...

segunda-feira, outubro 06, 2008

Eu já lhe expliquei que não vai dar
Sempre tive pressa, intensidade e uma inveja velada das moças de cêra.
Moças branquinhas, de lábios rosa, que assistem a vida com um ar de indiferença e sorriso leve nos lábios.
Sempre achei que elas sabem de algo que desconheço. Algos que lhes permite esperar sem susto. Da janela.
Eu pulava a janela, a rua logo ali, o mundo pra sorver. Ainda pulo.
A agilidade não é mais a mesma e algumas cicatrizes me lembram do perigo e das quedas.
Mas pulo, minha natureza é pular.
Por isso, neste momento de espera, neste segundo em que contemplo o chão antes do salto, me lembro das moças de cêra e vacilo.

segunda-feira, julho 28, 2008

You stick around and it may show
Ele não é como sonhei. Mesmo eu não sendo muito de sonhar pessoas.
Mas eu não o teria criado mais perfeito se tivesse como.
Alguma coisa na maneira como ele se expressa e como me olha e como sorri.
Algo no jeito de menino com que ele reage às minhas provocações.
Ou o jeito de professor que usa pra me corrigir, explicando regras gramaticais das quais eu nunca ouvi falar.
Ou na maneira perfeita que ele fala em português, ou em inglês ou em espanhol. Os detalhes.
A busca do acorde perfeito pra traduzir o som daquela música que eu mencionei um dia destes e ele toca pra mim agora.
As gargalhadas que compartilhamos. As lágrimas que só eu choro.
O corpo que conheço cada poro, cada canto, cada reação, cada movimento.
Ele dançando. Ele quieto, assistindo o jornal. Eu querendo dar pra ele.
Sempre quero dar pra ele. Mas tem horas que quero ainda mais.
As brincadeiras que começam como criança e terminam na cama, sem a gente entender como uma coisa levou à outra.
As inúmeras vezes em que ele olhou pra traz, na escada rolante, e soprou beijos pros meus olhos marejados de saudades antecipadas.
E o meu coração aos pulos, scaneando o desembarque de algum aeroporto, em busca do sorriso que sei que estará nos lábios dele.
Os dois beijos no rosto, quando eu queria era tirar a roupa ali mesmo e trepar na frente dos transeuntes estarrecidos.
As pequenas sacanagens que ele começa onde não pode, e eu termino porque quero. Ou vice-versa.
A poesia que atiro ao vento e ele recolhe e modifica. Ou as que ele inicia e eu completo.
A maneira como somos tão diferente e parecidos.
As noites sem conta em que acordo e fico vendo ele dormir. Ou as que não durmo porque ele está longe.
As madrugadas que acordamos pra uma rapidinha e voltamos a dormir um dentro do outro.
As comidas que invento e ponho o nome dele. E as que ele inventa pra que eu prepare. A nossas apostas.
O amor que eu vejo, toco, ouço, cheiro e provo nele.
E a vontade de que seja eterno. Porque já é infinito.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Diálogo XVI
_ Você some. Não responde emails, não liga, não responde SMS, marca encontro e não dá as caras. Depois volta e se comporta como se a gente tivesse se falado ontem...
_ Eu sei, me perdoa. É que eu sou assim, algo me puxa de um outro lado, algo acontece e eu vou, alguém me chama e eu aceito... Não é por mal, não é que eu não dê importância... Simplesmente acontece...
_ Mas custa avisar? De alguma forma?
_ Não, eu sei que não... Mas eu sempre quero fazer isto de uma maneira especial, não quero só mandar ume mensagem dizendo “não vou”... Quero pedir desculpas, dizer porquê e nem sempre dá...
_ Como assim não dá? Sempre dá...
_ Como é que eu posso, por exemplo, ligar e dizer que resolvi sair com aquele cara que prometi, dias antes, riscar do mapa? Como dizer que não fui por que fiquei com preguiça de me arrumar? Ou de dirigir? Ou que me distrai lendo ou escrevendo algo e ficou tarde?
_ Mas estas são as suas razões pra não ir?!
_ Eventualmente...
_ Não acredito... Você tem idéia como isto soa egoísta? Deixar alguém esperando por estes motivos? Sem sequer dar uma explicação... Ficou pior, porque, agora, acho que você não dá a mínima pra mim...
_ Isto não é verdade, eu adoro você.
_ Maneira interessante de gostar de alguém esta sua...
_ Nunca a gente ama como o outro quer...
_ ???
_ Nunca é como deveria ser. Cada um ama de um jeito e nunca é de um jeito que o outro entenda...
_ Não distorce, a gente ‘tava falando do fato de você sumir sem aviso...
_ Mas é isto. Eu sou assim. Sou mais assim ainda com os mais próximos. Acho seguro furar com você... Porque sempre acho que você vai entender que isto não tem nada a ver com o que sinto...
_ Que bom....Você fura comigo porque gosta mais de mim...não compro esta...
_ Então, me desculpe mesmo sem comprar...
_ Você promete avisar na próxima?
_ Prometo tentar....

terça-feira, outubro 23, 2007

Soneto de ponta cabeça

As coisas que penso sei
Não me ajudam a cruzar noites
Nem a cumprir profecias

As coisas que acho sei
Não evitam açoites
Nem camas vazias

As coisas que sei perdem-se ao vento
Escorrem pela enxurrada,
Derretidas em meu pensamento,
Derramadas na calçada.

As coisas que sei procuram saída
Cegas, em meio ao tiroteio,
Das vielas estreitas da vida
E dos poemas que leio e releio.

quarta-feira, julho 25, 2007

Decadence avec Resistance
A minha pior qualidade e o meu melhor defeito é a teimosia.
A minha pior mania e o meu melhor vício é o otimismo.
O país tá largado.
O estado, vendido.
A cidade, perplexa. E deprimida.
O som que ouço nos aeroportos, e que mais me choca, é o silêncio.
Precisamos gritar.
Precisamos reagir.
Não acredito que as coisas sejam assim e não tem jeito.
Tem jeito sim.
Eu não posso desistir do meu país. Este lugar é meu. E eu sou o que sou porque sou daqui.
Farei tudo o que puder antes da derrota.
E, garanto.
Quando cair, caio gritando e levo uns tantos comigo.

segunda-feira, abril 09, 2007

Arco-íris
E só pra provar do raro, ontem havia um arco-íris completo no céu.
Não um meio-arco-apagadinho como muitos.
Mas um daqueles de gravuras ou fotografias.
Nítido, de um lado a outro do horizonte. Com seu gêmeo, mais claro, também completamente visível.
O colorido de todas as côres identificáveis e brilhantes.
Sobre o céu. Plúmbeo.
Dava vontade de sair voando e ir buscar o pote de ouro.
Deu vontade de fotografar.
Mas segui meu modo de sempre: Fiquei lá olhando, parada, até cansar a vista.
Sabendo que nenhum filme ou ação poderia registrar o efêmero.

segunda-feira, março 26, 2007

Espera
Eu preparo o dia em que ele chega
E, deixando atrás de si os aviões,
Se entrega ao meu abraço.

Eu preparo a noite, em meio a qual
Nossos pés se enroscam,
E minha mão busca seu sexo.

Eu preparo cores e aromas,
Pra dias e noites que só existem,
No futuro que engendro do nada.

Eu preparo os sons que ele tocará,
Nas horas lindas e mortas,
Do nosso ócio que transborda em luz.

Eu me preparo, me enfeito,
Pra estar perfeita na janela,
No exato momento em que ele iniciar sua serenata.

quarta-feira, março 07, 2007

HaiKai
Na noite quente
Estrelas perseguem
o dia seguinte

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Anacronismos
A gentileza é ultrapassada
A poligâmia é tanto démodé, quanto vanguardista
Carros teleguiados são futuro
Teletranporte, ainda não há
Férias em Vênus, nem planos
Camisa-de-vênus, moda
Espartilhos e chapéus, só em filmes
Desfalecer e fazer muxôxo, só em livros amarelados
Mulher trocar pneu, normal
Vestidos, raros
Sandálias, excêntricas
Pianos de cauda, isolados
Pianolas, não há
Viagem no tempo, nem se fala
E o amor, atemporal.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Diálogo XV
_ Se pudesse, voltava...
_ Pra dizer "não"?
_ De jeito nenhum, pra beijá-lo de novo...
_ ...?
_ Eu queria reviver o momento exato, onde caí na história dele. Recuperar o que senti.
_ E sofrer tudo de novo depois?
_ Se esse fosse o preço...
_ Não entendo.
_ Eu adorava estar com ele. Adorava o amor, a paixão, até a minha insegurança. Adorava tudo.
_ Mas, e depois?
_ Melhor sofrer por ter vivido
_ Que coisa besta você tá dizendo. EU, se fosse possível, se soubesse antes, NUNCA me apaixonaria pra sofrer depois.
_ Isto não existe. Sofrer faz parte.
_ Claro que não. As coisas podem ir se acabando, deteriorando devagar, até que nada resta. Não é sempre que há este sofrimento, esta dor.
_ Mas não dói também quando tudo acaba por "decurso de prazo"?
_ Nem se compara...Muito mais fácil seguir.
_ Eu tenho pena...
_ Ah, eu também. Mas passa logo...

domingo, janeiro 14, 2007

Apenas constato
Sou um clichê.
Apaixonada pelo impossível.
Ou, exagerando menos, pelo improvável.
...
Primeiro, as palavras e sorrisos.
E a maneira como me fazem rir.
Se decido outro passo, sexo.
...
Depois de tudo, é que analiso a possibilidade.
E daí, o impossível, ou, antes, o improvável.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Ainda os sonhos
Penso em você como num sonho.
Um sonho que inventei e acredito.
A presença concreta até me assusta,
Algo em mim foge pra baixo da mesa e olha de lá, desconfiado.
Imaginei demais. Tenho medo de não saber direito o quê fazer.
...
Mas você nem sabe tudo isto.
E eu também esqueço no momento certo.
Quando você entra pela porta, me olha e não precisa nem pedir.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Um anticomputador sentimental
Eu me arrependo, mas não é frequente.
Normalmente, sei o que quero e vivo a fundo o que estou vivendo.
Difícil dizer “era feliz e não sabia”. Eu sempre soube.
Desde o início. Que era grande e ia dar trabalho.
...
Só equilibro o estritamente necessário.
Pra poder conviver entre os “normais”.
Pra não me internarem. Pra não ser medicada.
Mas nós, não!
Nós
Tem que ser labaredas,
Abismos profundos,
Oceanos imensos,
Cascatas morro abaixo,
Constelações extintas há milênios.
Nada menos.
...
Não fico exausta, não.
Não me aflijo com as tormentas.
O que me desespera são os lagos parados,
O mormaço de uma tarde berrando por chuva,
O trânsito que não segue,
A espera interminável dos aeroportos.
O sexo com hora/local/tempo marcados.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Diálogo VI
(publicado originalmente 19/Out/04 - Republicado a pedidos)
_ Oi…
_ Oi…Seu rosto está gelado.
_ É que está ventando frio e vim andando.
_ Você veio andando até aqui?
_ Vim...
_ Mas porque? Devia ter pego um táxi...Está muito frio e é longe.
_ Eu chamei o táxi. Mas não tive paciência de esperar. Não pude esperar, quando vi, estava andando, quase correndo pra cá.
_ Porque?
_ Pergunta retórica?
_ Não. Quero que você diga. Quero ouvir.
_ Ok. Vim correndo pela rua gelada, machucando os pés no sapato de salto, atravessando ruas sem olhar, desviando dos pedestres. Vim alucinada, correndo, voando. Porque nada no mundo era mais urgente do que chegar até você. Entendeu?
_ Entedi...Vamos entar, já pedi a mesa.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Diálogo XIV
_ Ela é bonita.
_ Eu também acho.
_ Tem umas pernas lindas.
_ E um sorriso maravilhoso.
_ Se você sair com ela, mato vocês.
_ Como?
_ Isto mesmo. Mato você e mato ela. Com uma escopeta.
_ Porque uma escopeta?
_ Porque dizem que uma escopeta mata 7 pessoas enfileiradas, ao mesmo tempo. Ou algo assim.
_ Dava pra matar mais 5, então...
_ Ah, eu mataria fácil mais 5 destas vadias que ficam a sua volta, como mariposas...
_ Como mariposas?
_ Sim. E tão inocentes, sem saber que a morte pode estar próxima. Sem saber que podem morrem enfileiradinhas, com um único tiro da minha escopeta...
_ Mas você nem sabe atirar...
_ Aprendo.
_ E vai me colocar no início ou no fim da tal fila?
_ No fim. Não, no início. Não, acho que vou poupar você...
_ Que bom!
_ E incluo outra vadia.
_ Justo.
_ Você pensa que eu estou brincando...
_ De certa forma. Você precisa brincar com seu ciúmes, né?
_ Sim, senão piro. Você é não é administrável...
_ Como assim?
_ Assim mesmo. Não tenho como administrar você andando por aí, com todas as mulheres querendo dar pra você...
_COMO???
_ Isto mesmo, todas.
_ TODAS?
_ Sim...
_ E você não está exagerando?
_ Não...
_ Certeza?
_ Talvez um pouco...Mas a margem de erro é pequena...
_ Você é maluca. Uma teimosa maluca...
_ Sou nada. Sou só uma mulher apaixonada, que pensa em escopetas. E fala o que pensa...

segunda-feira, agosto 28, 2006

A lua sobe, indiferente, entre as nuvens, cheia.
(Porque será que nunca consigo este efeito nas fotos?)
Um inverno que não existe criou esta sensação de estação impossível.
Há um pássaro que não dormiu. Vaga.
As estrelas, poucas, parecem estar com febre.
Longe, um som de crianças brigando.
Fecho os olhos e imagino outro céu. E você sob ele.
E nós sobre a grama. Você querendo outro lugar.
Sento. Não quero pensar.
Não quero sonhar. Não quero me alimentar de idéias.
Não posso me saciar com elas. Não mais.
Aquele lugar, na nuca, onde você mordeu, não está mais roxo. Nem dói.
Isto é prova do tempo. E eu não quero mais saber.
Levanto e continuo a corrida.

terça-feira, agosto 08, 2006

Não sei não...
Agora, a chuva.
Talvez eu ainda chore antes de ligar.
Talvez você perceba na minha voz transparente.
Talvez eu arda de desejo até odiá-lo o suficiente pra deixá-lo esperando mais que o combinado.
Talvez vá dormir e nem sonhe.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Mezo gueixa, mezo cangaceira
Olha...
Eu não vou dizer sim, se quero dizer não; nem não se quero dizer sim.
Também não vou jogar o joguinho de me valorizar dificultando as coisas para você.
Odeio shoppings, cabelereiros, revistas de fofoca e novelas.
Peço a conta e escolho a mesa.
No mais...Acho que você pode me colocar este rótulo de "mulher", se lhe apetece...

quarta-feira, julho 26, 2006

Choro. A paixão é mansão
Onde eu vivo e não moro...
Rememoro a ferida
De querer toda a vida
Ida, volta.
A paixão só se amarra
Se a gente se solta:
A paixão é um bicho cruel
De asas feito gaivota.
Por nós dois eu não juro.
No futuro há pestanas
Em olhares escuros
Entre as venezianas
De um chalé de avenida...
Volta, ida.
A paixão se suicida
Se a razão se intromete:
A paixão é uma freira descalça
Em vison de vedete.
Juro, se é preciso:
Meu amor enlouquece
Ao tomar juízo.


Só porque eu disse que não gostava de sopro, me apresentou esta...Retiro imediatamente. Era só mais uma das minhas afirmações sem propósito...

Diálogo XIII

_ Eu não sei dançar...
_ Não diz isso, você tem toda cara de quem adora dançar!
_ Mas não sei...Nunca soube, nunca aprendi...
_ E o que você ficava fazendo nas festas?
_ Conversando, cantando, vendo a banda tocar, ou olhando os outros dançarem...
_ Mas nunca nem arriscava?
_ Claro que sim! Eu não sei dançar, mas danço...
_ Como assim?
_ Ah... Se alguém me convida, eu aceito. Mas sempre aviso que não sei...
_ E mesmo assim topam?
_ Ninguém acredita de cara. Só depois que vou pra pista é que me dão crédito...
_ Dança sozinha?
_ Ah, isto sim! Adoro. Mas não é a mesma coisa. É mais balançar ao ritmo da música.
_ Então...A dois é a mesma coisa...
_ Que nada. Olha ali aquele casal...Eu fico sem fôlego só de vê-los. É tão lindo e sensual que fico hipnotizada...Todo mundo fica.
_ Mas nem todo mundo dança assim, alguns casais são medíocres e mesmo assim dançam...
_ Sei...Mas eu queria era dançar assim, de hipnotizar a audiência.
_ Vai ver é pos isso que nunca aprendeu...Não relaxa...
_ É... Pode ser...Se é pra me exibir, eu quero mesmo ser perfeita.
_ E você acha que eles estão se exibindo?
_ Não tenho dúvida. Isto é um jogo. Uma exibição. Quase sexo ao vivo. No caso destes dois, melhor que sexo ao vivo.
_ Vamos dançar?
_ Vamos.

Pra citar o Rafa e o McNasty

segunda-feira, julho 24, 2006

Monosilabos
Nada contra emails, blog, telefone, msn, sms.
Quem sou eu para?
Mas pra uns, quero mais, preciso mais.
Palavras não são suficientes...Nem de longe.

quarta-feira, julho 19, 2006

Portraits
Olhos,
Boca,
Mãos,
Pelos,
Peito,
Ombros,
Costa,
Bunda,
Pés,
Pernas,
Sexo.
Caminhos em você, que eu percorro.
Umas vezes com pressa, outras com preguiça.
Caminhos onde eu me perco,
Mesmo conhecendo tanto.
Seus caminhos.
O caminhos onde eu me acho.

quinta-feira, julho 13, 2006

O questionário de proust (seguindo dica do Stripped)
Suas características principais: persistência (ou teimosia?), bom humor, sinceridade.
Qualidades preferidas num homem: inteligência, bom humor, saber o quê quer, delicadeza
Qualidades preferidas numa mulher: Inteligência, bom humor, delicadeza, saber o quê quer
Qualidades preferidas nos amigos: companherismo, paciência, ouvir sem julgar
Seu maior defeito: falar antes de pensar
Seu passatempo favorito: ler e caminhar a esmo
Sua idéia de felicidade: me sentir calma numa vida agitada
Sua idéia de tristeza: perder as pessoas que amo
Quem você gostaria de ser se não fosse você mesmo ? uma pescadora. No mar.
Onde você gostaria de viver ? gostaria de viver mudando.
Cor e flor favorita: Vermelho. Margarida.
Escritores favoritos: Gabriel Garcia Marques e Guimarães Rosa.
Poetas favoritos: Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto
Herói favorito em ficção: Calvin
Heroína favorita em ficção: Mítica
Compositor favorito: Aldir Blanc, Guinga e Chico Buarque
Pintor favorito: Salvador Dali
Herói na vida real: aquele cara que trabalha duro e faz a diferença
Heroína da história: a mãe pobre, que batalha e cria os filhos com carinho
Nomes favoritos: Helena, Marina, Laura, Sophia. Henrique, Pedro, João, Leonardo.
Uma aversão: Injustiça
Personalidades que você menos gosta: ignorantes que se acham o máximo
Um feito militar que você admira: o trabalho diário dos bombeiros
Uma mudança que você gostou: nascimento.
Qual presente você gostaria de receber da natureza ? A capacidade de respirar debaixo d'água.
Como você gostaria de morrer ? Dormindo.
Qual é seu estado mental no momento ? Ansiosa
Qual defeito você consegue tolerar nos outros ? imaturidade
Seu motto favorito: Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta, o coração tranquilo

Diálogo XII
_ Eu volto sempre, você sabe...
_ Eu sei, mas saber não faz passar a dor que sinto antecipando a dor que sei que vou sentir.
_ Então...Você antecipa, fica triste agora, e desperdiça o nosso tempo de alegria. De estarmos juntos. Eu estou ainda aqui e você parece desconsiderar isto.
_ Não! Claro que não, mas como posso simplesmente deixar de pensar que daqui a pouco você vai subir aquela escada e sumir no saguão...E eu nem sei até quando direito. Não sei quando nos veremos de novo...Como posso ignorar isto?
_ Eu não disse para você ignorar...Só queria que você tentasse pensar que não precisa ser assim sofrido. Que você pode pensar no que a gente vive, no meu amor, nas nossas músicas, naquilo que temos juntos, estas coisas. E me esperar.
_ E se você nunca voltar? Se for hoje a última vez que nos vemos? Se tudo se perder? Se você me esquecer?
_ Para de dizer bobagens...Você esta exagerando, agindo daquele jeito binário como você adora fazer quando sabe que não tem razão...Escute...A mim, e a você.
_ Eu sei...Você tem razão...Em parte...
_ Em parte?
_ Sim...Não tem razão quando tenta simplesmente não passar pela dor. Quando nega a dor. Acho que a dor tem sua função...Que as vezes só sentindo a gente consegue fazer passar, entende? Só chorando e se descabelando...Eu preciso disto...
_ Você precisa de tragédia. É muito teatral. Devia chorar no espelho fazendo caras e bocas quando criança...
_ Não ria de mim, eu estou triste...
_ E eu também...Mas fico rindo pra ver se faço você rir e chorar ao mesmo tempo...como agora...
_ Me escreve? Me manda um monte de mensagens? Deixa aqueles recados enormes na minha caixa postal? Pra eu ficar lendo-relendo ouvindo-reouvindo mil vezes? Promete?
_ Acho que não existe “reouvindo”...
_ Para!... Promete?
_ Prometo, meu amor, prometo...Para de chorar e me dá um beijo...
_ Adoro beijos...
_ Eu sei...E mordidas, tapas, abraços e carinhos compridos nas costas...
_ Isto...
_ Não chora...não ri...Vem cá...Preciso ir...
_ Está bem, vai.
_ Eu te amo.
_ Eu te amo. Vai.

sexta-feira, junho 16, 2006

Gente quer respirar ar pelo nariz
As pessoas são parecidas e diferentes.
A maior parte gosta de si mais que dos outros.
A maior parte quer ser escutada.
E cada uma delas é um universo de coisa próprias.
Diferentes de todas as outras.
E é muito comum, muito mesmo, que se ponham a me contar detalhes sobre suas vidas, sentimentos, histórias, pouco tempo depois de me conhecer.
Isto se passa com jovens e velhos; com presidentes e faxineiras; com homens e mulheres; com padres e putas; com ingleses e mexicanos; com gays e racistas; enfim. Sem critério.
Mesmo eu sendo assustadoramente sincera. Mesmo eu tendo fama de brava. Mesmo não sendo condescendentes.
Elas me contam suas coisas. E eu dou um monte de palpites e traço um monte de alternativas. Com esta mania de achar solução, de criar mapas de rotas de escape.
E nunca comento com niguém seus segredos, embora seja faladeira a beça. Memso quando detesto aquela pessoa.
Eu gosto de gente. Assim mesmo, no sentido genérico da palavra.
Tem quem gosta de máquinas, de construções, de carros, de florestas, de mar.
Eu gosto de gente. De entender gente.
Por isso, acho, falam comigo assim.
Uma vez, um inglês me disse: “Ana, se vc se sentar ao lado de uma cadeira, começará a conversar. E, pior, a cadeira vai responder!”.
E eu respondi: “Não, Paul, isto não poderia acontecer com uma cadeira. Mas poderia acontecer com um mudo!”
Eu gosto de gente.

segunda-feira, maio 29, 2006

Contabilidade

Eu não sei se a sua flor era pra ser minha,
E acho que ela não é.
Acho que continua sendo sua.
Mesmo que eu a tenha quando quero.
Porque você me empresta sempre,
Para que eu possa me perfumar com ela e viver à sua sombra.

Eu não sei se serei sua pra sempre,
Acho que não.
Mas sei que o nosso tempo juntos será a infinito.
Por que, se para as estrelas para sempre é tempo contável,
Pra nós 1000 anos é suficiente.
Uma vez que não podemos ser estrelas.

Eu sei poucas coisas e nem todas elas relevantes,
Mas a maior parte me importa e sei que lhe importa também.

Sei da cor do seus olhos nos meus,
Da sua cor predileta, que são várias,
Do gosto da sua língua e do seu sexo,
Do som que seu coração faz enquanto você dorme,
Do sorriso de menino que você tem com seus brinquedos,
Da saudade que você não demonstra quando vai,
Da festa da volta que acontece de tantas maneiras,
Das explicações que você acha e eu contesto,
Das razões que eu tenho pra chorar e você pra fugir,
Dos nossos chocolates, nosso fumo, nosso gozo.
Das nossas coisas, nossos gestos, nossos símbolos.
E de todos os detalhes que você vai lembrar por que eu esqueci.

Eu sei disto como ninguém mais sabe.
Ninguém além de você, mas de outra maneira.
Este é o nosso segredo.
Gritado ao vento, no meio do nada, em uma tarde de mormaço e chuva.
E é tudo que importa.

quarta-feira, abril 26, 2006

Quando paro pra pensar...

Por baixo de tudo, eu sofro,
Por cima da dor, eu gozo,
Se é fato que me falta um sopro,
É certo que me sobra um riso.

Por baixo da crosta, o fogo,
Por cima do lago, a flôr,
Me perco um pouco neste jogo,
Me acho inteira neste amor.

A superfície parece explícita,
Mas do que acontece no subterrâneo, nem eu dou conta.
Explode calmo e devagar...

Por tras do palco, a cochia,
Na frente da cena, a verdade,
Aquilo que eu não queria,
Sempre impõe sua metade.

Por tras dos olhos, sua imagem,
Na frente da boca, seu beijo,
Até o que parece miragem,
Realiza-se no meu desejo.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Missing You
Sem dúvida é com o corpo que eu lhe lembro.
Claro que as palavras me fazem falta,
O riso, a voz, os significados.
Claro que as músicas e os silêncios.
Suas opiniões sobre mim.
Censuras, acertos, correções.
Aquele seu dom de me contradizer, sem que eu resista.
A minha falta de resistência a você.
No fim, acho que nem você mesmo sabe o poder que tem sobre mim.
Não com a intensidade do real.
Tudo isto provoca aquela sensação de dor aguda que a gente chama saudade.
Mas, então, eu consigo driblar os sentimentos, sublimar, passar, by-passar.
Mas quando é meu corpo que lhe lembra, não há remédio.
Eu queimo, ardo e não durmo.
Nada acalma. Nada aplaca.
Eu rolo, insone.
Numa cama onde você nunca esteve,
Lembrando cada movimento seu dentro de mim,
Cada carícia, cada aperto, cada tapa.
Meu corpo é que sabe de você,
Meu corpo não tem dúvidas,
Não vacila, nem questiona.
Meu corpo quer você.
Dentro. Rápido. Forte.

Tô com saudades de você
Na varanda em noite quente,
Arrepio forte que dá na gente.
Truque do desejo,
Trago na boca, o gosto do beijo.
Eu sinto a falata de você, me sinto só,
E aí?
Será que você volta,
Tudo a minha volta é triste.
E aí?
O amor pode acontecer,
De novo pra você,
palpite.

terça-feira, janeiro 17, 2006

HaiKais aos pares

Azul celeste
Seus olhos refletem
Ou são os meus?


Como toda cor
O azul está dentro
De mim e voce.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Seria o acaso e não sorte

Como se meu sonho construísse a realidade,
Torcesse as órbitas,
Escolhesse os signos,
Criasse o destino
Ao qual eu me submeto.

Ele é lindo dentro de mim.
Seu olhos. As mãos. A boca.
Tudo é tão intenso.
Eu andando como uma dança,
Me esparramando, me oferecendo como uma fruta.

Tudo milimetricamente programado
Para acontecer ao acaso.

Quando me distancio, tento entender, parece sonho.
Parece que não vai dar.
Parece não ser possível.
Parece que nem é tanto.

Mas, aí, ele me vem,
Real ou imaginado,
e a presença me toma de chofre.
Me consome, me invade,
Me transforma naquela que sou.