quinta-feira, março 31, 2005

Areia
Me deixa sentir saudade
Lembrar o que aconteceu.
Falar.
Detalhes sutis de nós.
Boca, língua, mãos e pés.
Escandalos dentro de mim.
Não pense que não penso.
E daí pra verbalizar, um pulo.
Nós nos permitimos esta falta de barreira.
Então, a saudade tb pode ser dita.
Se sentida.

sexta-feira, março 25, 2005

Tica
Venho pra cá e viro criança. Tantos tios e tias me paparicando. E meus pais.
Não faço nada, sou mimada o tempo todo.
Se resolvo cozinhar, sempre aparece alguém pra me ajudar ou dizer que eu vá descançar. Que estou de férias. Que não é preciso. Etc.
E eu, adoro, cada mimo.
Bom ter todas estas pessoas que me conheceram no berço.
Bom me sentir menina, apesar dos anos.
Bom esta família que se mantém imaculada porque a saudade que sinto é maior que a realidade que a rotina da convivência eventualmente me imporia.
Este lugar é meu reino encantado. Meu porto. Minha Terra-do-Nunca.
E sei que, enquanto puder voltar pra cá, onde sou chamada só pelo meu apelido, serei eu mesma.

Azul, amarelo, vermelho também
A Páscoa era o renascimento de Jesus e uma dúvida na minha cabeça. Como que Ele podia estar em Jeruzalém pra Páscoa se, ao que tudo indicava, não podia ainda haver uma Páscoa...Se Ele ainda não havia morrido, como poderia renascer? Confusões judaico cristãs na minha cabecinha, enquanto procurava minhocas no quintal.
Mas, enfim, o fato era que antes do Domingo de Páscoa, com seus almoços fartos e ovos de chocolate escondidos em lugares improváveis, havia a Sexta-feira da Paixão.
E neste dia a gente não podia comer carne, nem falar muito alto, nem rir, nem correr em volta da casa, nem nada. E por isso mesmo passávamos o dia todo fazendo exatamente isto e sendo persseguidos pela minha avó. Neste dia também tínhamos que ir na Matriz velar o Cristo morto. Ficávamos lá por pelo menos uma hora, rezando e com o rosto constrito. Crianças são atores natos, depois perdem um pouco a mão.
Então, vinha o Sábado de Aleluia, com a sádica malhação do Judas. Todos se divertiam despedaçando um boneco a pauladas e chutes na maior demonstração prática do espírito de perdão ao próximo.
Depois, enfim, o Domingo de Páscoa. Primeiro a missa, depois a festa.
Hoje, não frequento mais a missa. Mas ainda converso com padres, leio textos religiosos e tento entender dogmas, rituais. E, por mais que saiba de tanta coisa ruim, ainda é uma Igreja católica o lugar que minha mente associa a sagrado. Ainda entro numa Igreja quando estou perdida. Ainda choro ajoelhada e peço ajuda em momentos de angustia.
Não se passa incólume por uma infância como a minha.

segunda-feira, março 21, 2005

Porque nada será como antes, amanhã
Um amor pode ser de muitos jeitos.
De repente ou devagar.
Construído ou instantâneo.
Leve ou neurótico.
Tórrido ou fluido.
Um amor pode ser constante ou passageiro,
Pode cercar você de medo ou de alegria,
Pode tirar o chão ou mostrar horizontes.
Um amor pode ser várias coisas.
Mas O Amor é tudo isto.
Ao mesmo tempo.

quarta-feira, março 16, 2005

E já vai terminando o verão, enfim
Pouco tempo
Coisas acontecendo em excesso
Extremamente boas
Extremamente ruins
Todas, totalmente, fora de controle
Cansada como nunca
Olhando pra frente como sempre
Planejando e deixando acontecer, dependendo do caso
Chuva demais
Sol de menos
...
E, antes que acabe de vez,
Espero que aquele encontro aconteça.
Enfim.