segunda-feira, julho 28, 2008

You stick around and it may show
Ele não é como sonhei. Mesmo eu não sendo muito de sonhar pessoas.
Mas eu não o teria criado mais perfeito se tivesse como.
Alguma coisa na maneira como ele se expressa e como me olha e como sorri.
Algo no jeito de menino com que ele reage às minhas provocações.
Ou o jeito de professor que usa pra me corrigir, explicando regras gramaticais das quais eu nunca ouvi falar.
Ou na maneira perfeita que ele fala em português, ou em inglês ou em espanhol. Os detalhes.
A busca do acorde perfeito pra traduzir o som daquela música que eu mencionei um dia destes e ele toca pra mim agora.
As gargalhadas que compartilhamos. As lágrimas que só eu choro.
O corpo que conheço cada poro, cada canto, cada reação, cada movimento.
Ele dançando. Ele quieto, assistindo o jornal. Eu querendo dar pra ele.
Sempre quero dar pra ele. Mas tem horas que quero ainda mais.
As brincadeiras que começam como criança e terminam na cama, sem a gente entender como uma coisa levou à outra.
As inúmeras vezes em que ele olhou pra traz, na escada rolante, e soprou beijos pros meus olhos marejados de saudades antecipadas.
E o meu coração aos pulos, scaneando o desembarque de algum aeroporto, em busca do sorriso que sei que estará nos lábios dele.
Os dois beijos no rosto, quando eu queria era tirar a roupa ali mesmo e trepar na frente dos transeuntes estarrecidos.
As pequenas sacanagens que ele começa onde não pode, e eu termino porque quero. Ou vice-versa.
A poesia que atiro ao vento e ele recolhe e modifica. Ou as que ele inicia e eu completo.
A maneira como somos tão diferente e parecidos.
As noites sem conta em que acordo e fico vendo ele dormir. Ou as que não durmo porque ele está longe.
As madrugadas que acordamos pra uma rapidinha e voltamos a dormir um dentro do outro.
As comidas que invento e ponho o nome dele. E as que ele inventa pra que eu prepare. A nossas apostas.
O amor que eu vejo, toco, ouço, cheiro e provo nele.
E a vontade de que seja eterno. Porque já é infinito.