segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Simples
Não as coisas não são simples.
Se fossem, eu estaria aí ou você aqui.
Nossas mãos dadas. Dedos entrelaçados.
Bocas à distância de um suspiro.


Se fossem simples, não haveria despedida,
Ou espera. Não haveria dúvidas, nem ansiedade.
Haveria calma.
A calma do meu corpo exausto repousando sobre o seu. Ou vice-versa.

Se fossem simples,
O tempo correria ao contrário.
Rápido na sua ausência,
Lento nos nossos jogos.
E estaríamos saciados antes de termos que continuar qualquer cotidiano.

As coisas são complicadas.
Por que não me obedecem.
Se obedecessem, seriam simples.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Ao fim e a cabo
Talvez eu acabe por fugir,
Só porque não consigo esperar.
Não consigo viver a expectativa.

Talvez eu simplesmente desista.
Mesmo que agora pareça impossível este caminho,

Talvez eu me acomode.
E fique olhando a vida do lado de dentro de mim.
Da minha janela, enquanto rôo as unhas.

Talvez eu chore.
Todas as lágrimas finalmente as claras.
Tudo revelado.

Talvez eu enlouqueça.
E passe a rir desvairada, os rosto desfigurado.
Perdida?

Talvez eu mude. Pra Paris ou Araraquara.
E assuma uma identidade secreta,
Esqueça aquela que sou pra você.

Sei lá.
Não sei ainda, minha Vida.
Não sei.
Só sei que é bom e dá trabalho.
E que não vou fazer nada, enquanto for possível.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Outra de homens
Eu vinha descendo a alameda em declive e ele subindo.
Quando passamos um pelo outro, aconteceu aquele tipo de dança, um desviando do outro mais de uma vez. Sorriu.
Os olhos eram grandes e escuros e ele era realmente jovem.
O sorriso dos 20 anos. Bronzeado. Os cabelos vastos, desarrumados e pretos.
Eu disse:
_ Desculpe, estava distraída.
Ele disse:
_ Desculpar o quê? É um prazer dançar na rua com uma mulher bonita. Mesmo que por poucos segundos.
Sorri, e continuei meu caminho.
Fui pensando como as minhas amigas que costumam reclamar dos "homens de hoje em dia" estão enganadas.

Rapidinha
Os homens são engraçados...
E isto é o que mais gosto neles.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Dialogo X
_Olha, você vai sofrer muito…Este tipo de relacionamento nunca dá certo.
_ E eu não sei? Você acha que eu não sei?
_ Sim, você sabe...Você costuma ser tão prática, tão sensata...
_ Isto não vale nada. Nada vale, quando você se apaixona.
_ Eu sei que você está apaixonada, acredito. Mas esta história...
_ Parece filme?
_ Sim...Filme, livro, novela mexicana, tragédia grega, sei lá...Algo que não acontece de verdade.
_ Pois é...Minha vida é mesmo meio assim, ficção. Coisas estranhas acontecem comigo...
_ E você ainda ri?
_ Não estou rindo, estou sorrindo. Não posso perder o humor...Tudo menos isto.
_ Verdade...Como você mesma diz, o seu não é um rosto bom pra tragédia, você fica bem melhor sorrindo...
_ Quer saber? E se der certo? E se eu for feliz? E se tudo for bem mais fácil de acontecer do que parece?
_Desculpe, mas este tipo de pensamento é fuga...Você tá querendo se enganar...
_ Provável...Mas deixa eu me enganar, deixa eu me iludir...E daí?
_ Sei lá...Só que o tombo é maior se vc agir assim...
_ Olha, eu estou feliz, estou curtindo...E, se vou sofrer de qualquer jeito, melhor aproveitar o lado bom...
_ É uma idéia...
_ É a minha única idéia... Agora não consigo parar, nem querendo...E eu não quero.
_ Ta bom, meu ombro tá sempre aqui, ok?
_ Eu sei, querida, eu sei...

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Penso, logo vacilo
E aquela coisa de se sentir boba, vazia, inadequada ou impotente,
Que me acomete vez ou outra,
Quando penso nas coisas que acontecem independente de mim,
Nas coisas que sinto sem que possa fazer nada,
E que não são exatamente o que queria sentir.
Daí fico cismando, ciscando feito galinha,
Elucubrando.
Isto só pode ser fruto da minha idéia de mim mesma como pensadora.
Eu penso que penso e que encontro respostas no pensar.
Falácia.
As melhor respostas que encontro são nos atos.
No fazer, no acontecer, nos verbos.