Borboletinha tá na cozinha fazendo chocolate com a madrinha
Essa coisa de crescer me incomoda. Sempre fui resistente a isto.
Tenho medo de acabar levando realmente a sério as besteiras que as pessoas crescidas dizem por aí.
Quero ter sempre aquele espanto, aquela descrença e fazer troça quando ouvir coisas como taxa-de-superávite-primário, prôjeti-pai-béke, bûdjeti, deadi-laine e que tais.
Também não vou acreditar se ele disser que ficar no mar é um porre.
Vou continuar a fechar bem os olhos, a balançar a cabeça e a sair correndo. Imitando aviãozinho.

Beija eu, beija eu, beija eu, me beija
Quase regra: As mulheres se escondem na emoção, os homens nos argumentos.
Por isso, o barato é as mulheres calcularem e os homens perderem o rebolado.
Fica tudo mais alegre, tudo mais misturado, tudo mais equilibrado.
E sempre acaba nuns beijos.

Me explica, me ensina, me diz, o que é feminina?
A mangueira era mais alta que a casa da minha vó.
Eu subia pra pegar as mangas lá de cima.
Sentava num galho e comia. O caldo escorrendo pelos braços, os dentes cheios de fiapos.
Depois, agarrava a corda e saltava pro chão. Vergões nos braços, calos nas mãos.
Eu não era delicada, nem bonitinha, nem sabia tocar piano.
Meus predicados eram entender algumas palavras difíceis e saber jogar no gol.
Os cabelos eram sempre curtos e andei sem camisa até lá pelos 8 anos, quando acreditei no meu pai, que jurou me matar se me encontrasse de novo "pelada na rua, no meio daquela molecada".
Hoje de manhã, olhando as minhas unhas pintadas de vermelho, o bico fino do sapato e o cabelo arrumado fiquei pensando... Onde foi, diabos, que aprendi a me arrumar assim?

Tudo passa, tudo sempre passará
Ainda bem! A transitoriedade é a grande graça que há nisto.
Me dá calafrios pensar na eternidade.
Em estar viva por toda a eternidade, em companhia daquele rato da Simone de Beauvoir.

Se você não me queria, não devia me procurar
Ah, e eu tenho culpa por acaso?
Se você me pede, eu dou.
Se você não sabe pedir, aprenda.
Somos grandinhos, já.
Espero de você apenas as criancices que me fazem rir, como cócegas e caretas.
No mais, vamos falar sério. Ela é sua, eu não.

Sob o Efeito de: Whitesnake - Starkers in Tokio

Sailing Ships"
(David Coverdale & Adrian Vandenberg)

Do you remember
Standing on the shore,
Head in the clouds,
Your pockets filled with dreams
Bound for glory
On the seven seas of life,
But, the ocean is deeper than it seems
The wind was with youWhen you left on the morning tide,
You set your sail for an island in the sun,
On the horizon, dark clouds up ahead,
For the storm has just begun
Take me with you,
Take me far away,
Lead me to the distant shore
Sail your ship across the water,
Spread your wings across the sky
Take the time to see
You're the one who holds the key,
Or sailing ships will pass you by
You cry for mercy,
When you think you've lost your way,
You drift alone, if all your hope is gone
So find the strength and you will see
You control, your destiny,
After all is said and done
So take me with you,
Take me far away,
An' lead me to the distant shore
Sail your ship across the water,
Spread your wings across the sky
Take the time to see
You're the one who holds the key,
Or sailing ships will pass,
Sailing ships will pass you,
Sailing ships will pass you by...
Take me with you,
Take me far away,
We'll ride the wind across the sky
Spread your wings and you will see
You control, your destiny,
So sailing ships don't pass you by
So take me with you,
Take me far away,
We'll ride the wind across the sky
Spread your wings and you will see
You control, your destiny,
So sailing ships don't pass,
So sailing ships don't pass you,
So sailing ships don't pass you by...
Baby, baby, baby, baby,
You'll find that you're the only one
Can sail your ship across the sky

Eu busco é a alegria
Procuro só ficar triste com coisas realmente importantes. Fortes.
Pessoas que amo e morrem. Criança negligenciada. Ódio gratuito.
Mas pra ficar alegre, basta qualquer coisa banal.
Bolhas de sabão me fazem sorrir.

Ô menina vai ver nesse almanaque como é que isto tudo começou
Acho que vim como um quebra-cabeça, em muitas partes. Daí, passo vida toda tentando montar a figura. Provavelmente o tempo vai acabar e ainda não cheguei ao fim.

Para você o que você gosta. Diariamente.
Colo
Coala
Bicho-de-pé (o doce)
Cem anos de solidão
Primavera (a estação e a música)
Mar
Montanha
Piscina, cachoeira, água
Vodka
Rede
Pitanga
Uma resposta inesperada
Abraço
Chegada
Partida
Lingerie nova
Camiseta velha
Uma piscadela
Gelo

And all the lights that lead us there are blinding
O óbvio é que com o tempo, mais da metade das coisas que eu julgo importantes agora vão se revelar banais.
Mas é difícil descobrir já quais são. E dar uma banana pra elas.

E a coisa mis linda de todas as coisas não vale um caminho sob o sol
Preciso ir mais vezes ao mar no inverno.
Andar na areia vestida, pra viariar. Sentir o cheiro da maresia.
Preciso tb ir mais a Santos. Uma cidade tão perto daqui e com uma alma tão diferente.
Vou anotar isto no meu caderninho.
E pra você que está de partida: Leva meu carinho e volta de vez em quando.
Lá não pode ser assim tão melhor que aqui. :)

Mentira sinceras me interessam, me interessam
Eu respondi que já falei, sim, muitas mentiras. E que sei que vou precisar de mais algumas ainda até o fim.
E que, sim, eu já havia mentido pra ele. E talvez mentisse novamente.
Porque a escolha que faço entre dizer a verdade ou mentir é baseada em muitas coisas e no risco.
Fui absolutamente sincera.

Antes do salto
Um pé diante do outro, os braços estendidos,
eu brinco de equilibrista na beira deste precipício.
E sorrio.
Porque me agrada o risco.
Porque a paisagem é linda lá embaixo.
Porque o medo, que gela meu estômago, vem misturado com a delícia de saber o que quero.
Quero reter pra sempre o que sinto exato agora.

Fui até o centro da Terra, e é mais além
Acabei de perceber: Sexta-feira, 13 de agosto é um dia de sorte pra mim!
Agora é fazer umas pesquisas e descobrir a próxima ocorrência.

Me perdoe a pressa é a alma dos nossos negócios
Frase escrita no pacote de chiclete que comprei no semáforo hoje: "Vai ficar sem almoçar de novo? Então compra esta balinha/chiclete pra enganar o estômago!".
Alguma coisa de muito podre tá acontecendo num reino onde este tipo de marketing é praticado pelos vendedores de rua.



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Mamihlapinatapei
O significado é, segundo este artigo, "o ato de olhar nos olhos do outro, na esperança de que o outro inicie o que ambos desejam mas nenhum tem coragem de começar", num dialeto da Terra do Fogo.
Se até eles que habitam a Terra do Fogo hesitam, porque não eu?

A língua é minha pátria/E eu não tenho pátria: tenho mátria e quero frátria
Supercalifragilisticexpialidocious artigo do Sérgio Augusto para a Bravo!.
Sobre línguas e suas palavras.

Eu vou pra Maracangalha, eu vou
Lindo dia de inverno ensolarado. E a inversão térmica dá o acabamento do azul do céu no horizonte.
Meus olhos ficam divididos entre admirar a beleza fria do dia e chorar com a conjuntivite.
Eu já devia ter mudado daqui.

Estar apaixonado é pintar as pás de um ventilador ligado
Não, eu não tinha a mínima intenção que isto fosse platônico.
As palavras em excesso me deixam aflita quando o caso é paixão ou mesmo um prenuncio de.
Já racionalizamos demais, já falamos demais.
E esta distância é foda.

Eu tenho pressa tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim
Algumas pessoas escrevem sobre a realidade e me ensinam muito.
Meus prediletos são assim. Profundos, detalhistas, bem informados, analíticos.
Eu, não.
Escrevo como quem vai anotando muitas coisas desconexas em folhas avulsas de papel e as perde por aí.
Escrevo porque sou muitas. Todas querendo viver suas vidas tão diferentes e não há tempo.
Personalizo tudo. Todas as verdades universais só valem se forem aplicadas em uma das minhas inúmeras vidinhas.
Escrevo na primeira do singular. Devia ser na primeira do plural.

We're just two lost souls/Swimming in a fish bowl
Mas pra nós é pior. Porque os peixes têm memória que dura apenas 1 minuto.

Como aquela grande explosão de uma bomba sobre o Japão
Eu tinha uns 18 anos e namorava um japonês. Na verdade, ele era brasileiro, descendente de japoneses.
Foi um namoro arranjado. Eu morava com a namorada do melhor amigo dele. O casal resolveu nos aproximar. E eu me deixei levar.
Não era apaixonada por ele, mas tava ali, sem fazer nada, e ele era bonito e tão quietinho. Só sorria, aquele sorriso sincero dele.
Saíamos e eu parecia um filhote de cachorro que ele não conseguia controlar: Ria, corria, falava muito e entrava em todas as lojas, bares, lugares. E ele sorria, condescendente. Era mais velho.
Ficamos assim, saindo, um bom tempo. Não havia nada além de uns amassos, eu não tinha pressa. E ele sorria. Aquele paciência nipônica.
Um dia fiz aniversário e ele apareceu com um presente. Me entregou a caixa com a pulseira cheia de pedrinhas. Depois, meio sem jeito, me entregou o cartão, pedindo desculpas porque, sem tempo pra comprar, tinha resolvido desenhar um.
Era de papel vegetal, desenho em nanquim. Uma paisagem japonesa, onde uma menininha de olhos redondos e cabelos enormes, mas presos, estava apanhando um dente-de-leão.
Eu me apaixonei por ele naquele instante. Sorri e ele me sorriu de volta.
Naquele dia dormi na casa dele.
Terminou, claro. não sei onde foi que perdi a pulseira. O cartão tá guardado.
Eu nunca me senti tão especial.
Hoje fazem 59 anos que a bomba foi lançada em Hiroshima. E eu me lembrei do Kazuo.

Do interior, do mato, da caatinga, do serrado
Eu sou toda água-terra-fogo-ar. Com todos os meus sentidos.
Olho com atenção as diversas cores do dia e da noite. Observo a mudança na vegetação.
Percebo o cheiro das tempestades, da grama, das damas-da-noite.
Gosto do gosto das frutas e sei da diferença que é comê-las no pé.
Ouço os trovões e os pássaros e as cigarras. O barulho dos rios pequenos.
Gosto de pegar em terra. De passar a mão na casca das árvores velhas.
As mudanças na Terra, causam mudanças físicas em mim. E afetam meu humor.
Eu sou um bicho.

Haikai do início da noite
Devagar, leve
Anoitece o dia
E vem a lua

Haikai do fim da tarde
Morre o dia
Espatifando-se, rubro
Contra o céu

Ver um bichano pelo chão e não sorrir
Eu era daquele tipo que resgatava todo tipo de bicho abandonado e levava pra casa dizendo pra mãe que "era só até o pobrezinho conseguir se virar sózinho"...
Eu tinha meu charme, minha mãe caia e minha casa era um zoológico estranho de cachorros de 3 patas e gatos sem orelha.
Os passarinhos voavam assim que ficavam bem, o resto ia se ajeitando no imenso quintal. Comida não era problema, eles comiam os restos de nossa mesa. Naquela época a gente não precisa alimentar os bichos só com a ração recomendada por alguma pesquisa americana.
Mudei pra cidade grande e parei de salvar animais perdidos.
Parei porque cresci, ou porque não tenho o espaço que tinha, ou, ainda, porque endureci. Mas não era disso que eu queria falar agora.
O que eu queria falar agora é que, apesar de gostar de todo tipo de animal, eu sempre amei os gatos.
E gatos não são facilmente "amáveis". Eles não têm aquela gratidão, submissão, dependência e alegria espalhafatosa dos cães. Gatos se bastam. São livres, antes de tudo.
Eu amo criaturas livres. Criaturas difíceis e misteriosas. Criaturas que não dependem do meu amor.

Se não foi, valeu/ Se já foi, adeus
As coisas não precisam terminar bem pra valer a pena. O fim não importa.
O destino não importa. O caminho é o que conta.
Eu não abriria mão de viver uma linda história, ainda que soubesse, de antemão, que o fim não seria "viveram felizes para sempre".
Tudo isto porque fui assistir "Brilho eterno de uma mente sem lembranças".

HaiKai da Rosa
Pela janela
A Rosa vê a rua
Vermelha e nua

Uma rosa é uma rosa, é uma rosa, é uma rosa

Ainda que seja assim, um fractal. Coisa linda. Que eu não tenho a mínima idéia de como é feito.