segunda-feira, maio 29, 2006

Contabilidade

Eu não sei se a sua flor era pra ser minha,
E acho que ela não é.
Acho que continua sendo sua.
Mesmo que eu a tenha quando quero.
Porque você me empresta sempre,
Para que eu possa me perfumar com ela e viver à sua sombra.

Eu não sei se serei sua pra sempre,
Acho que não.
Mas sei que o nosso tempo juntos será a infinito.
Por que, se para as estrelas para sempre é tempo contável,
Pra nós 1000 anos é suficiente.
Uma vez que não podemos ser estrelas.

Eu sei poucas coisas e nem todas elas relevantes,
Mas a maior parte me importa e sei que lhe importa também.

Sei da cor do seus olhos nos meus,
Da sua cor predileta, que são várias,
Do gosto da sua língua e do seu sexo,
Do som que seu coração faz enquanto você dorme,
Do sorriso de menino que você tem com seus brinquedos,
Da saudade que você não demonstra quando vai,
Da festa da volta que acontece de tantas maneiras,
Das explicações que você acha e eu contesto,
Das razões que eu tenho pra chorar e você pra fugir,
Dos nossos chocolates, nosso fumo, nosso gozo.
Das nossas coisas, nossos gestos, nossos símbolos.
E de todos os detalhes que você vai lembrar por que eu esqueci.

Eu sei disto como ninguém mais sabe.
Ninguém além de você, mas de outra maneira.
Este é o nosso segredo.
Gritado ao vento, no meio do nada, em uma tarde de mormaço e chuva.
E é tudo que importa.