sexta-feira, outubro 28, 2005

Acendi uma vela, abri a janela e pasmei
Tenho medo do inferno ocasionalmente.
Não aquele medo filosófico, de pensar na humanidade e em mim.
não aquele medo de adulto se deparando com a cara no espelho.
O outro medo.
Das entranhas, infantil.
Aquele que aprendemos na igreja cheia de capetas e chifres e caldeirões eternos.
Tenho medo de arder no fogo do inferno. Como minha avó costumava nos ameaçar nas nossas artes.
É um medo que vem antes de raciocinar. Um frio na espinha. Reação instintiva quase.
Faço artes piores agora. Penso coisas terríveis. Desejo coisas demais.
O medo vem. Me espeta. E vai.
E eu sinto, depois ignoro e sigo fazendo minhas artes.
Como criança.