sexta-feira, junho 17, 2005

Discutindo a relação
Vou lhe contar sobre os sonhos que tive,
As cartas que escrevi e rasguei,
As noites que cismei com seu rosto grudado em meus olhos.
Vou lhe contar o que penso, fazer as perguntas que quero,
Cantar no seu ouvido.
Talvez haja algumas lágrimas, com certeza muitos risos.
Quero ouvir sobre você, o que achou, pensou, esperou.
O que anda fazendo, pensando, esperando.
Conversar longamente.
...
Mas quero fazer isto sentada no seu colo,
De frente pra você,
Lhe olhando nos olhos,
Nua.
Pode ser?

Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer
Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu

"Sem Fantasia" - Chico Buarque

quarta-feira, junho 15, 2005

Meu umbigo
Só que é a minha pequena vida que eu vivo.
Os meus segundos e séculos.
Minha incapacidade com números.
Minha mania com a palavra certa.
As coisas do cotidiano e as grandes idéias que me queimam
o cérebro e as pestanas.
O que programo minuciosamente e sai exatamente ao contrário.
O que conheço e o que ignoro em mim.
O que descubro a partir de você.
Meus vícios.
Esta necessidade física. Do amor físico.
De toque, cheiro, gosto, soluço.
De abrir dos olhos, sem enchergar, no entanto.
Isto também é reconfortante e assustador.

Firmamento
Eu acordo e decido olhar o céu.
Um céu disforme explodindo em cores e rasgado de nuvens.
E me imagino dentro da Terra.
Girando em torno de si mesma e do Sol.
E penso em todos os sóis,constelações, galáxias.
No universo. Nos universos.
E tudo aqui parece, assim, ínfimo.
Olhada de longe, eu seria uma piadinha de segundos.
E todos estes pensamentos, dúvidas e certezas, nem existiriam.
Não seriam mensuráveis.
Isto é a um tempo assustador e reconfortante.

domingo, junho 12, 2005

Saudades
Pra você, tudo diferente e eu penso em datas.
Sei que dia foi e conto o tempo.
E neste fim de tarde, fim de domingo, ocaso,
Me lembro.
Que andei demais e falei muito.
E achei tudo lindo e colorido.
Que machuquei os pés e nem percebi.
Que não bebi nada e me senti embriagada.
Que adiei pro outro dia. Hesitei.
Que acordei na madrugada, sorrindo.
Que esperei e imaginei como seria.
Que contei minutos que se escorriam.
Que me arrumei o mais desarrumado possível,
e troquei de sapatos 10 vezes antes de decidir ficar simplesmente descalça.
E que lhe recebi com beijos e abraços há tanto guardados.
Tudo foi único. E muito. E pouco.
Foi assim.
Perfeito.